Deputado Glauber Braga e três estudantes são detidos durante desocupação na UERJ; PM usa bombas de efeito moral
- Mário Jorge Savanhago Júnior
- 20 de set. de 2024
- 3 min de leitura
O deputado federal Glauber Braga (PSOL) e três estudantes foram detidos nesta sexta-feira (20) durante a ação de desocupação dos prédios da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). A desocupação foi realizada pela Polícia Militar em cumprimento a uma ordem judicial emitida pela 13ª Vara de Fazenda Pública, que determinava a reintegração de posse dos prédios da universidade, ocupados desde julho por estudantes que protestam contra o corte de benefícios para bolsistas.
Ação policial na UERJ
Policiais militares do Batalhão de Choque entraram no campus da UERJ pelo portão 7 às 13h20. Para dispersar os manifestantes, a PM usou bombas de efeito moral. Estudantes reagiram jogando pedras e pedaços de madeira contra os policiais, que revidaram. Durante a operação, um policial ficou ferido e foi levado para o hospital. Não há registros de feridos entre os estudantes.
A desocupação foi concluída por volta das 15h10, quando os policiais confirmaram a reintegração de posse completa dos prédios da UERJ.
Contexto da ocupação
A ocupação começou em 26 de julho de 2024, como um protesto contra os novos critérios para a concessão da bolsa de apoio à vulnerabilidade social, conhecida entre os alunos como "AEDA da fome". As mudanças, segundo os manifestantes, afetaram cerca de 5 mil universitários. A reitoria da UERJ, no entanto, afirma que o número de alunos prejudicados é de aproximadamente 1.600, e que esses ainda recebem outros auxílios.
Desde o início da ocupação, cerca de 26 mil estudantes do campus Maracanã ficaram sem aulas. A Justiça já havia dado uma decisão anterior determinando a desocupação, mas os alunos descumpriram o prazo estipulado. Durante o período de ocupação, houve confrontos entre seguranças da UERJ e manifestantes, incluindo tentativas de invasão do campus e depredação do patrimônio.
Detenção do Deputado Glauber Braga
O deputado federal Glauber Braga estava no local para apoiar os estudantes e ajudar nas negociações com a polícia. No entanto, ele também foi detido durante a ação. Em nota, a assessoria do parlamentar informou que Glauber foi preso enquanto tentava defender os estudantes de agressões da Tropa de Choque, que pela primeira vez entrou no campus da UERJ.
Segundo a assessoria, a detenção de Glauber Braga é ilegal, uma vez que a Constituição Federal determina que um deputado federal só pode ser preso em flagrante por crime inafiançável. O deputado e os três estudantes foram levados para a Cidade da Polícia, onde será registrada a ocorrência.
Reações e declarações
A reitoria da UERJ lamentou que as negociações com os estudantes não tenham surtido efeito, mesmo após oito reuniões com entidades estudantis e uma audiência de conciliação. Em nota, a universidade reforçou que tentou resolver o impasse pacificamente e que, infelizmente, a situação escalou para o uso de força policial.
A Polícia Militar, por sua vez, informou que atuou em cumprimento da ordem judicial para reintegrar a posse dos prédios da UERJ. Durante a operação, manifestantes atearam fogo em pneus e outros objetos na Avenida Rei Pelé, uma das principais vias da Zona Norte do Rio de Janeiro.
O presidente do PSOL no Rio de Janeiro, Juan Leal, criticou a ação policial, afirmando que o uso de bombas, caveirão e armas menos letais foi desproporcional para lidar com estudantes desarmados. Segundo ele, o deputado Glauber Braga estava no local para proteger os alunos da iminente violência.
Próximos passos
Uma audiência entre a Justiça e os representantes dos estudantes foi marcada para o dia 2 de outubro, quando serão discutidos os pleitos dos alunos em relação às mudanças nas bolsas de auxílio.
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