X contornou bloqueio no Brasil utilizando serviços que criam 'proteção' no tráfego, afirmam provedores de internet.
- Mário Jorge Savanhago Júnior
- 18 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de set. de 2024
Serviço contratado pela rede social e fornecido pela Cloudflare dificulta a restrição da plataforma no país ao ocultar IPs, afirma associação que representa provedores.
Por que o X voltou a funcionar no Brasil?
De acordo com provedores de internet, a rede social de Elon Musk passou a usar um sistema que funciona como uma espécie de "escudo" para proteger seus servidores. Uma das companhias contratadas para isso foi a Cloudflare, que oferece o serviço para grandes empresas brasileiras, incluindo bancos. Ao todo, a empresa americana opera com 23 milhões de sites no mundo.
Ao distribuir o tráfego do X por novas rotas, o serviço cria obstáculos para o bloqueio do acesso à rede social, mesmo com a ordem judicial, segundo representantes da Associação Brasileira dos Provedores de Internet e Telecomunicações (ABRINT).
— O X passou a funcionar com um novo software, que não está mais usando os IPs da rede social, mas da Cloudflare. Não é uma coisa simples de bloquear. Eles fizeram uma modificação para tornar o bloqueio muito mais difícil — avalia Basílio Rodríguez Perez, conselheiro da ABRINT. — Os provedores não têm o que fazer. Vamos aguardar a definição oficial sobre como proceder.
Para restringir a rede social, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) depende da ação de cada provedor de internet, que fica responsável por bloquear o acesso ao IP da rede social. Segundo a agência, são mais de 11 mil provedores de banda larga homologados no Brasil.
Desde que identificaram a mudança de rota no registro do X, os provedores estão em contato com a Anatel para entender como fazer o bloqueio da rede, já que o IP (Protocolo de Internet) registrado mudou.
Basílio Rodríguez Perez, da Abrint, diz que é "quase impossível" bloquear o Cloudflare sem restringir "uma série de serviços legítimos e necessários" que rodam com o sistema da empresa americana.
O que é o proxy reverso, oferecido pela Cloudflare?
Para proteger aplicativos e sites de ataques cibernéticos, a Cloudflare usa um mecanismo chamado de proxy reverso, que foi adotado pelo X, explica Pedro Diógenes, diretor técnico para a América Latina na empresa de tecnologia CLM.
Não houve mudança na decisão do STF: Anatel diz que analisa relatos de acesso ao X após usuários citarem retorno da rede social
— Um proxy reverso, como o oferecido pela Cloudflare, funciona como um intermediário que gerencia o tráfego da Internet entre os usuários e o servidor de um site. Ele não só melhora a segurança e a velocidade do site, mas também permite mascarar o IP real do servidor, mostrando apenas o IP do proxy — pontua o especialista.
Ao usar um proxy reverso, como os oferecidos pela Cloudflare, o X conseguiu “mascarar” o IP real do servidor. Diógenes afirma que o serviço é usado de forma legítima pelo setor privado para proteger os servidores originais de ataques diretos. Em outras palavras, é como uma "barreira invisível que protege a infraestrutura", mas sem impactar a experiência dos usuários, diz.
Apesar da proibição, o X tem conseguido operar no país desde a manhã desta quarta-feira (18). A agência identificou que a empresa mudou seu tráfego para um servidor da Cloudflare, o que permitiu contornar o bloqueio.
“A nuvem de conectividade da Cloudflare ajuda você a recuperar o controle, melhorar a visibilidade e a segurança e consolidar fornecedores para reduzir custos”, afirmou a empresa em comunicado. Essa mudança permitiu que a rede social permanecesse acessível em algumas áreas do Brasil, contrariando a ordem judicial.
Em entrevista ao UOL, um agente da Anatel declarou que a agência está trabalhando para efetuar o bloqueio da plataforma, mesmo com o uso de servidores como os da Cloudflare.
A agência está estudando os efeitos das medidas adotadas e buscando uma maneira de manter o cumprimento da ordem judicial.





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